Na estrada (On the Road) é inspirado no livro homônimo, escrito por Jack Kerouac sobre Sal Paradise e o impacto causado sobre ele após conhecer Dean Moriarty. Aos 20 e poucos anos, Sal decide cair na estrada para adquirir experiências e inspiração para escrever seu livro. Após o falecimento de seu pai, deixou sua mãe em Nova York e foi cruzando a estrada e a vida de vários indivíduos "loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício".
Como esperado de um road movie, o filme segue com as reflexões e descobertas de Sal, enquanto ele vai conhecendo e entendendo pessoas, seus relacionamentos, e acompanha toda a intensidade de Dean e a atração que ele causa sobre homens e mulheres, como Carlo (Tom Sturridge), Marylou (Kristen Stewart) e Camille (Kirsten Dunst), na década de 50, a época da famosa geração beat. Talvez seja ai, que um filme que tem uma trilha sonora perfeita, uma fotografia impecável e um elenco que cumpre com qualidade suas funções, se perca, pois todo esse processo de crescimento do personagem de Sam Riley se passa numa repetição de um "mais do mesmo": estrada, bebida, sexo, drogas, Dean Moriarty deixando alguém na mão. Dean esse, de Garrett Hedlund, que não consegue impressionar como o de Kerouac.
Mesmo apesar da repetição, a qualidade do filme consegue colocá-lo na posição de uma adaptação que dificilmente desagradaria a um fã de Kerouac. Todo o Jazz, todo o Blues, toda a intensidade, são mostrados tão vivamente que conseguiram deixar uma época a vista de qualquer olho. O Sal Paradise de Sam Riley dificilmente não vai te convencer a querer participar de tudo aquilo. Seguir uma estrada sem saber para onde ir, conhecer um mundo novo e deixar o que é velho para trás. E ainda escrever um livro.
Na Estrada
On the Road, Walter Salles, 2012